Um viagem aos limites do homem.
Alcir Santos de Oliveira
O mínimo que se pode afirmar, sem medo de incorrer em erros, sobre este livro é que, além de tocar fundo o íntimo do leitor, responde a uma infinidade de perguntas sobre a condição humana e os limites de cada um, ainda que, em sã consciência, ninguém saiba responder a tão inquietante indagação. Tendo passado muitos anos de sua vida em campos de concentração nazistas, inclusive nos tenebrosos Auschwitz e Dachau, o psiquiatra Viktor Frankl, mesmo submetido ao regime impiedoso e desumano imposto aos prisioneiros, optou por usar o seu conhecimento como instrumento de observação dos limites de cada um, e da coletividade como um todo. Assim, à medida que vai narrando fatos reais da sua tétrica experiência, aproveita para mostrar aos seus possíveis leitores o que seria o tal "sentido da vida". Daí o oportuníssimo título, "Em Busca de Sentido".
A mim, pessoalmente, coube uma resposta que procuro há anos: por que certos indivíduos, submetidos à condições limite não optam pelo suicídio, resistem até o fim, enquanto outros buscam esse caminho por motivos aparentemente menos traumáticos? E o autor responde. Primeiro mostra que não foram poucos os que escolheram esse caminho, entretanto, a maior parte resistiu, superando limites que sequer sabia que existiam, cada um por suas próprias razões. Vai além quando relata casos de incríveis mudanças de comportamento, não só de prisioneiros como de guardas. após a guerra e consequente fim dos campos. Portanto, a lição que fica é muito clara: como não somos capazes de conhecer os limites da nossa capacidade de resistência, é preciso ter em mente que cada um de nós tem um sentido, nem sempre conhecido, para continuar vivendo, ainda que em condições extremas. Aí a possível razão do viver, buscar o sentido da vida.
Para completar o extraordinário livro, o autor apresenta um sucinto estudo com os conceitos fundamentais da Logoterapia, a chamada "terceira escola vienense de psicoterapia", criada por ele e, ainda, um pequeno estudo sobre o que ele chama de " tese do otimismo trágico".
Enfim, um livro para se ter na estante, sempre disponível para algumas releituras.
|